sexta-feira, 27 de setembro de 2013

É hora de acertar relógios!

Queridos leitores,

De semana para semana, pelos mais variados motivos,  sempre ligados à tecnologia, sempre acontece algo que impede a publicação da história na hora marcada. Por esse motivo, e porque não tenho conseguido fazer melhor, os próximos capítulos serão publicados todas as terças-feiras (é o dia em que tenho com certeza um computador disponível para publicar!).
Por isso, espero que possam perdoar este contratempo e temos encontro marcado na próxima-terça!
Não percam!

terça-feira, 24 de setembro de 2013

As crónicas de um Nanas (Capítulo 3)

Capítulo 3
 
A muitos quilómetros de distância do quarto do João, começava a grande viagem do seu verdadeiro Nanas. Dentro da caixa apertado contra outros Nanas, lá ia ele, destroçado com tudo o que lhe sucedera. Os outros Nanas não comentavam o sucedido, mas lamentavam profundamente a troca que mudara o destino dos dois.
O Nanas não conseguia deixar de olhar para o braço bordado com o nome "João". Tinha tanto significado para ele este nome a azul escuro. A partir de agora seria apenas um simples bordado sem sentido... Quantas vezes tinha imaginado o encontro com o menino que lhe imprimira na pele, ou melhor no pêlo, a sua identidade e que lhe dera vida. Quantas vezes tinha imaginado as brincadeiras e os longos passeios pelo parque... e aquele abraço apertado... e um sorriso capaz de fazer o mundo parar! 
Com olhos cheios de água e o coração despedaçado, continuou viagem rumo ao desconhecido.
 
No quarto do João tudo estava em silêncio. O Nanas finalmente tinha sido vencido pelo cansaço e adormecera! Sonhou então que estava no aeroporto, na grande sala das bagagens. Estava preso debaixo de uma grande caixa tal como acontecera! Desesperado tentava soltar-se em vão. De repente viu todos os Nanas a entrarem em fila no avião, e o funcionário responsável pela troca do dia anterior a olhar para ele com um sorriso maléfico. Assustado tentou novamente soltar-se e desta vez quando olhou para o avião este possuía uns enormes e terríveis dentes com que devorava todos os Nanas! Um grito surdo ficou preso na sua garganta! E acordou! Que terrível pesadelo! Meio atordoado e mal acordado, tentou perceber onde estava até que sentiu a calma respiração do João ao seu lado. Estava a salvo! Aninhou-se o mais que pôde para junto dele. Que sensação maravilhosa poder estar ali, seguro e quente! Então lembrou-se do Nanas a quem ele ocupava o lugar. Como estaria ele? Mas por mais que lamentasse a sua sorte, não queria deixar o João por nada!
De repente lembrou-se do que a mamã do João dissera: "O Nanas é para ir embora!" Neste momento o pesadelo pareceu-lhe menos assustador do que a realidade. Assustava-o mais separar-se do João, do que dez aviões com dentes!
 
A manhã chegou e com ela a mamã do João. A porta entreaberta abriu-se totalmente e ouviu-se a voz doce da mamã a chamar: "João... acorda bebé!"
A voz mais doce e segura  para o João, era para o Nanas a voz mais temida. Tinha vontade de se esconder, tornar-se tão pequeno aos olhos da mamã de maneira que esta fosse incapaz de o ver. Queria ser visível apenas para o João.
Quando a mamã se aproximou da cama, o João estava agarrado ao Nanas. Mas o Nanas tremia de medo.
A mamã pegou no João ainda ensonado, com os olhinhos pesados e levou-o para baixo para lhe dar a papa.
O Nanas tinha ficado para trás! O seu maior pesadelo acabara de acontecer! Seriam separados para sempre. O João esquecê-lo-ia e outro ocuparia o seu lugar!
O Nanas ficou a olhar longamente para o lugar vazio que o corpo do João deixara! O seu amiguinho tinha ido embora. Apenas restava o calor.
Assim que sentiu a papa na boca, o João entreabriu os olhinhos e olhou para a mamã. Hoje era um dia muito especial: o João ia pela primeira vez para o infantário! Claro que este primeiro dia era apenas para visitar e ver as outras crianças. A mamã ficaria com ele o tempo todo e só no dia seguinte o João ficaria mais tempo e sozinho. Daí a importância do Nanas: ele seria o porto de abrigo do João especialmente na hora do soninho em que ele sentiria mais a falta da mamã.
Mas a mamã não queria este Nanas. Ele não estava à altura do Nanas que ela encomendara.
Como não se podiam atrasar, a mamã do João decidiu enviar o Nanas de volta à Mon Rêve só depois de virem do infantário. Até porque não queria correr o risco do João o ver e ser o choro desenfreado do dia anterior. Como pudera ele gostar tanto deste Nanas?

Como este Nanas era um Nanas pensado para ter como destino um menino num orfanato, ele não seria de um só menino para sempre. Ele iria passar de menino para menino, tal como uma camisola passa do irmão mais velho para o mais novo, mas no caso do Nanas multiplicado por muitos irmãos! E num orfanato, especialmente  como este que não possuía todas as condições desejadas, ele não seria lavado tantas vezes como seria recomendado, apesar de se sujar mais do que o que seria esperado. Assim sendo, o Nanas era castanho escuro e não bege clarinho como o Nanas do João e também não possuia um pêlo fofo e brilhante. O seu tecido era mais resistente e por isso menos macio...enfim, se bem que não se possa dizer que fosse de uma "linha inferior", era no mínimo menos atraente! Mas o João tinha adorado!
"Que chatice", pensou a mamã. Não fosse ela ter tido tanta expectativa no Nanas,  e este iria cumprir perfeitamente a sua função! Mas agora era tempo de agir. Ela tinha o de mandar de volta!
O João comeu a papa, a mamã preparou-o, mas o João mostrava uma cara séria, sem sorrisos, mesmo quando a mamã lhe sorria ou brincava com ele! O João olhava para todo o lado como se procurasse alguma coisa. "Estará doente?", pensou a mamã. "Ontem estava tão bem!"
A mamã terminou de preparar o João e lá saíram os dois.
Pelo caminho a mamã brincou com o João, cantou as canções que ele tanto gostava, mas o João não mostrava melhoras!

Em casa do João vive a mamã, o papá, o João, ... e o Duks! O Duks é o gato, ou para  explicar melhor a posição privilegiada do Duks na família, ele é o "irmão mais velho do João" como diz a mamã!
Assim que a mamã bateu a porta de casa, o Duks espreguiçou-se e foi fazer o que sempre faz quando tem a casa por sua conta: correr todos os quartos em busca de algo que lhe interesse! Pode ser uma camisola da mamã ou do papá, um brinquedo fofo do João... qualquer coisa que na sua cabeça  de gato lhe diga que vale a pena arriscar um açoite (caso seja apanhado)!
Foi ao quarto da mamã - tudo arrumado - , entrou no quarto do João, saltou para cima da cama e ... "quem és tu?", pensou o Duks ao ver o Nanas! "És novo por aqui!" e aproximou-se para o cheirar! 
Antes de qualquer Nanas ser enviado ao seu destinatário, passa por treinos (alguns até bastante intensivos como verão mais à frente). Entre muitas coisas que têm de aprender, os Nanas aprendem algumas regras que lhes servirão para sobreviverem nos mais diversos ambientes. E uma dessas regras, das mais importantes, é manterem-se longe dos ferozes bichanos de quatro patas!
Se tal fosse possível, dir-se-ia que o Nanas perdeu a cor assim que viu o Duks aproximar-se.
Estava perdido! Todos os seus pesadelos se tinham unido para terminarem com a sua breve existência!
 
Que irá acontecer aos nossos pequenos heróis?  Não percam o próximo capítulo das crónicas dos Nanas! Todas as sextas-feiras! Até lá! ^.^

domingo, 22 de setembro de 2013

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Mil perdões!


Queridos leitores!

Antes de mais, mil perdões pela aparente falta de palavra da minha parte. Disse-vos que a cada sexta-feira seria publicado um novo capítulo da história e aparentemente tal facto não aconteceu. Na quinta-feira passada coloquei-o no blog, mas agendado para as 00.01 horas de sexta. Talvez por inexperiência minha, o capítulo não saiu. Visto neste momento estar sem computador e ter de usar um computador público, só percebi agora o sucedido!
Espero que possam perdoar-me e continuar atentos a esta imprevisível saga!

Até breve

As crónicas de um Nanas (Capítulo 2)

Capítulo 2

Estava uma manhã fresca com o sol um pouco envergonhado. O João acordou, abriu os olhinhos e olhou em redor. Ainda estava um pouco escuro no quarto. As persianas corridas até abaixo só deixavam passar uma leve claridade onde se adivinhava que o dia começara a espreguiçar-se.
Pelo intercomunicador a mamã do João percebeu que este acordara. Subiu as escadas, abriu a porta do quarto e chamou baixinho em tom de canção: "João, amor da mamã! Bom dia!"
O João respondeu com um bebenhês que queria dizer: "Colinho mamã"!
A mamã aproximou-se da caminha e pegou-o ao colo. Houve beijos, xi-corações, cóceguinhas, risos, e por fim olhares. Olharam-se durante uns momentos até o João abrir um sorriso maior que o mundo e recomeçarem novamente os beijinhos e os xi-corações.
A mamã vestiu o João e trouxe-o para baixo para lhe dar a papa. Nesse momento a campainha de casa tocou.
Era o senhor dos correios. Trazia uma encomenda. O Nanas tinha chegado!
" João - disse a mamã - o teu Nanas chegou!!! Pelo tom de alegria da voz da mamã, o João abriu mais olhinhos e palrou alguns sons mostrando a sua alegria!
A mamã abriu a porta e olhou para a encomenda que o senhor dos correios trazia na mão.
A caixa vinha amassada, rasgada e colada com fita-adesiva! A mamã ficou por momentos a olhá-la e por fim estendeu a mão. Ela olhou para o senhor que simplesmente esboçou um tímido sorriso e encolheu os ombros como para se justificar que não tinha nada a ver com o sucedido. O João deixara de sorrir perante o rosto sério que a mamã apresentava. A mamã entrou na sala de jantar, sentou o João na cadeirinha e sentou-se finalmente sem abrir a caixa. Olhava incrédula passando os olhos para o remetente "Mon Rêve". Não queria acreditar. Tinha tanta expectativa quanto à chegada do Nanas! Afinal a Mon Rêve era conhecida pelo seu extremo cuidado em tudo o que fazia. Bem, quanto à caixa não havia muito mais a dizer. Chegava o momento de abri-la. A mamã do João começou a procurar onde a fita-adesiva acabara para começar a descolá-la. Era fita-adesiva por todos os lados! Não era fácil encontrar o fio à meada! Por fim lá começou a descolar os primeiros centímetros de fita, e mais fita...e mais fita. Quando terminou restava apenas abrir um dos encaixes da caixa para finalmente libertar o Nanas. E assim fez. E se o espanto tinha começado na porta de entrada, agora a decepção tinha invadido todos os seus sentidos.
Um Nanas que mais parecia um pária! Sujo, amassado, sem o pêlo fofo prometido no site da Mon Rêve e ... onde está o nome do João gravado no bracinho? Este nem braços tinha! Em vez de braços tinha uns nós de cada lado feitos com o tecido que faziam a vez de mãozinhas e pezinhos. "Não, não pode ser, só podem estar a brincar" - disse a mamã do João com o rosto já um tanto ruborizado. "Não foi isto que eu paguei"! e levantando-se da cadeira atirou o Nanas para cima da mesa para junto da caixa desfeita.
Tinha ido buscar o telefone e o número de telefone da Mon Rêve.
O Nanas estava desolado! Toda a situação no aeroporto, mais o facto de ter sido separado dos outros Nanas iguais a ele seus amigos, não suportou mais e deixou escapar uma lágrima.
Sentado à mesa o João olhou para o Nanas desde o momento em que a mamã o tinha tirado da caixa. Tinha-o desejado e querido desde esse momento. Agora estava na sua frente todo só para ele. Esticando a mãozinha e depois o bracinho, debruçou todo o corpo para o apanhar. Por fim conseguiu agarrar uma das pontas feita com um nó. Era dele e só para ele! O Nanas, que até a este momento só a muito custo segurava as lágrimas que teimavam em querer sair, vendo perdido todo o sentido para o qual tinha sido criado, olhou a medo para o João. O João era muito diferente dos meninos que ele tinha visto na fotografia afixada no Atelier onde tinha nascido. A Mon Rêve tinha uma fotografia do orfanato para onde seriam enviados estes Nanas. Ela possuía um arquivo gigante com fotografias e moradas de todos os meninos e meninas do mundo que tinham recebido um Nanas.
Todos os Nanas quando nascem sabem para onde vão. Alguns sabem apenas o país, outros têm a oportunidade de conhecer por fotografia o menino ou menina que os espera, e por esse motivo todos eles possuem particularidades que os tornam tão únicos.
Os meninos da fotografia do Atelier eram todos muito magros, com olhar triste...bem diferentes do menino que lhe sorria agora! O João conquistou de imediato o coração do Nanas! As lágrimas secaram e o Nanas pôde finalmente sorrir.
A mamã do João chegou junto da mesa com o telefone na mão, sentou-se e começou a marcar o número da fábrica dos Nanas. Enquanto esperava ser atendida, olhou para o João e não pôde deixar de ver o brilho de felicidade nos seus olhinhos. Até o Nanas lhe parecia diferente!
"Não, João, este Nanas não é o teu!" - disse a mamã. O menino olhou-a e sorriu mostrando todos os seus dentinhos! A mamã repetiu: " Esse não é o teu Nanas Joãozinho!" E deste vez o menino entendeu que o Nanas lhe iria ser tirado. Franziu o queixinho, a testa e antes que a mamã pudesse fazer algo para evitar, o João já estava a chorar. Do outro lado da linha alguém atendeu: "Mon Rêve, bonjour!" - disse uma voz suave e amigável. Mas a mamã não ia poder responder. O João já chorava a plenos pulmões agarrado ao Nanas. A mamã desligou o telefone. "João, então? Anda ao colinho da mamã!"
Mas nada consolava o pequenote! "Pronto João, a mamã vai dar outro Nanas, está bem?" Mas de uma forma incompreensível o João chorava mais e mais! Parecia perceber perfeitamente que o Nanas lhe seria tirado, mesmo que fosse para vir outro!
Passaram-se uns momentos e o João acalmou. O Nanas mantinha-se preso à mãozinha do João que insistia em não o largar!
A noite chegou e o João, depois do banhinho tomado e a papinha na barriga (estando o Nanas sempre ao seu alcance), estava pronto para dormir. A mamã deitou-o, o papá deu o beijo de boa-noite e a mamã preparou-se para tirar o Nanas da mão do João. Mas assim que a mamã puxou discretamente o Nanas por uma das suas pontas, o João apertou-o mais ainda com a mãozinha e esboçou a capacidade inata que as crianças possuem de começar a chorar sem precisar de aquecimento. "Muito bem João", disse a mamã já um pouco chateada com a insistência, "ficas mais um bocadinho com o Nanas, mas ele não vai dormir na tua cama! Ele está todo sujo e além disso é para voltar para trás!" Depois aconchegou o lençol da cama ao corpo do João e desligou a luz.
O Nanas nem queria acreditar. O João era tudo o que ele podia desejar. Um menino adorável que o amava desde o primeiro momento! Tudo isto só podia ser um sonho. Um sonho que começara com um pesadelo! O Nanas podia ver na pouca claridade do quarto, o brilho dos olhinhos do João a olharem para ele. Oh como ele começava a gostar do João! Não podia deixá-lo mais! Estava a gostar demasiado dele! Mas como iriam poder ficar juntos?
E o Nanas do João, onde estaria? E principalmente, COMO estaria?

No próximo capítulo a saga continua. Não percam, é já na próxima sexta!

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Véspera

Queridos leitores,

Muito curiosos acerca do desenlace?
Faltam apenas umas escassas horas para sair mais um capítulo desta saga incrível sobre a troca de dois Nanas!
Não se esqueçam de publicar os vossos comentários, ideias ou sugestões!
E não se esquecem, tal como na vida, também nas histórias tudo pode acontecer! ^.^

Até breve!


quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Histórias da Boca - As crónicas de um Nanas (Capítulo 1)

Capítulo 1

A carrinha de distribuição da DHL parou ruidosamente na frente do hangar das descargas do aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. O calor que se fazia sentir acentuava-se na camisa do uniforme do condutor da carrinha. O jovem com um molho de folhas numa das mãos saltou da carrinha limpando o suor da testa com o outro braço. Estava uma verdadeira tarde de Verão. Depois de entregar as guias da mercadoria e receber a autorização da descarga, o jovem abriu as duas portas traseiras da carrinha, e rapidamente descarregou os vários caixotes de cartão, todos do mesmo remetente: Mon Rêve. 
Mon Rêve é a criadora dos melhores Nanas de todo o mundo. Com sede em Paris, ela exporta Nanas há décadas para todo o lugar onde há pequeninos. (Um segredo: de Paris não vêm os bebés, mas sim os Nanas!)
Bem, para quem não sabe, os Nanas são os amigos inseparáveis dos mais pequenos. São aquelas criaturinhas que os acompanham para todos os lugares, que estão com eles quando comem, quando passeiam no parque, no primeiro dia do infantário, e principalmente quando dormem. Porque são os Nanas que contam as histórias mágicas que fazem os pequeninos adormecer e sonhar, depois que o papá e a mamã dão o último beijo de boa noite e fecham a porta do quarto!
Não são só as crianças que conhecem os Nanas, os papás também. Todos os papás do mundo sabem que os Nanas não podem ser trocados, dados, perdidos ou esquecidos em lugar nenhum, que é muito difícil separá-los, até na hora do banho, porque o Nanas é a âncora que prende os pequeninos ao seu mundo seguro.
O nome destas adoráveis criaturas à nascença é “Nanas”, mas são os pequeninos que lhes dão o seu verdadeiro nome. Existem os mais variados nomes: Piki, Bibi, Bilu, Gugu … e a lista continua tão grande quanto existem meninos no mundo. Há até aqueles que são baptizados com o próprio nome de nascença – Nanas!
A fábrica dos Nanas envia todos os dias para todo o mundo milhares de Nanas. Mas engana-se aquele que julgar que a quantidade altera-lhes a qualidade. Todos os Nanas são feitos à mão! Esta é uma verdadeira fábrica de sonhos! Imaginem só o tamanho dela! Cada um dos Nanas é criado com tanto cuidado que adquire um carácter único e especial. Cada Nanas é feito a pensar no menino ou menina que o vai receber, por isso, para que o Nanas nunca perca a identidade, ele traz o nome do menino gravado no lado esquerdo do braço de pêlo – o lado do coração.
Grande parte da encomenda “Mon Rêve” daquela tarde tão quente de Verão, tinha como destino um orfanato em África. Esta encomenda fazia parte das várias encomendas-prendas que a “Mon Rêve” enviava para locais onde os meninos não têm papás que lhes ofereçam um Nanas. E assim a “Mon Rêve” procurava alimentar os sonhos dos que mal podiam sonhar!
Este voo fazia escala em Lisboa, para onde ia também um Nanas muito especial. Este Nanas tinha sido especialmente criado e com urgência para um pequenino. O nome gravado no braço peludinho do Nanas era João. O motivo da urgência não era conhecido nem importava, o importante era chegar a tempo.
Na gigante “montanha russa” de tapete rolante da sala das bagagens do aeroporto Charles de Gaulle, mal se conseguia respirar! Toda a extensão do tapete estava lotada! Muitas pessoas estavam de férias, o que significava muitas e muitas malas! Eram encomendas e mais encomendas, bagagem e mais bagagem, todas a lutarem por um pouco mais de espaço inexistente! As caixas apertavam-se e acotovelavam-se para conseguir passar pelos vários túneis de separação e distribuição de bagagem. Uma verdadeira hora de aperto!
E como nas horas de aperto, por vezes o mais fraco cede!
Uma enorme caixa ficou presa no terminal de um dos tapetes rolantes, impedindo a passagem de toda a bagagem de porão que era composta por caixas e caixotes, malas e maletas desencadeando aquilo a que viria a ser digno de uma tragédia grega. A caixa, tal como a de Pandora que trouxe ao mundo toda a espécie de mal, continha não os ventos da desgraça mas os Nanas.
O tapete rolante era composto por vários segmentos. O último segmento de tapete parou, mas os outros continuaram a rolar, oferecendo à pobre caixa, que já vinha tão apertada pela quantidade de Nanas que viajavam dentro dela, a pressão de uma fila inteira de caixas e caixotes, malas e maletas que não podia terminar senão com o efeito “rolha numa garrafa de champanhe agitada com agrado”: um voo disparado para fora do tapete levando atrás de si outras caixas e caixotes, malas e maletas que também não aguentaram a pressão.
Não é muito difícil imaginar o que se seguiu: um amontoado de caixas danificadas e uma pilha de Nanas assustados e espalhados pelo chão. Por grande azar, uma das caixas que também se despedaçou continha algo precioso: o Nanas do João. Um Nanas que tinha nascido para o João – o menino que o esperava ansiosamente em Portugal.
Mas depois deste acidente, com o caos instalado, deixou de haver Nanas especiais: todos estavam agora na mesma condição – fora das caixas e assustados. Quando os funcionários se aperceberam do que tinha acontecido, correram para resolver rapidamente a situação porque o avião de transporte desta bagagem estava quase de partida. No desejo de resolver o quanto antes o estrago, e empacotar rapidamente todos os peluches, tal como eles de forma simplória os chamavam, o Nanas do João foi acidentalmente colocado na caixa dos Nanas comuns com destino aos meninos que nunca tinham tido um Nanas de verdade.
 A caixa dos Nanas foi grosseiramente reparada com fita-adesiva, e encaminhada para o avião tal como todas as malas, maletas e malinhas envolvidas no acidente.
Mas… ao retirarem a última e mais pesada mala do meio do chão, um funcionário viu um pequeno Nanas amassado e sujo que tinha ficado para trás!
Este Nanas tinha vindo na mesma caixa junto com os outros Nanas com destino ao orfanato.
­“- Ora, este ficou para trás!” – exclamou  o funcionário, que no mesmo instante viu uma pequena caixa desfeita junto dele.
No momento da queda a grande caixa de cartão da Mon Rêve rasgou-se soltando todos os Nanas, assim como também se rasgou a caixa do Nanas do João. E quando começaram a colocar as coisas no lugar, a confusão foi tanta em grande parte provocada pela pressa, que o Nanas comum (que são aqueles que não têm nome gravado no braço) acabou por ficar perto da caixa do Nanas especial.
O funcionário baixou-se e pegou no Nanas e na caixa. Sacudiu o pedaço de cartão espalmado e procurou o destinatário no qual se lia: “Pour le petit João”.
“ – Vinhas aqui dentro?” – perguntou o funcionário olhando para o Nanas sem esperar obter resposta. “Estás um pouco sujo e amassado para seres um presente! Mas se queres ir ao encontro do teu destino, tens de te despachar porque aquele ali (e apontou com a cabeça em direcção ao avião) não espera por ti!” Abanando a cabeça, esboçou meio sorriso e apressadamente fez a mesma reparação à caixa com fita-adesiva como tinha feito às anteriores, e correndo levou pessoalmente o pequeno embrulho à porta de embarque de passageiros porque a do porão já tinha sido encerrada!
Irremediavelmente a troca foi feita e os destinos dos nossos pequenos heróis lançado à sorte!

O que irá acontecer? Não percam o próximo capítulo!


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Contagem Decrescente!

Queridos leitores,

Está quase tudo a postos para a estreia da primeira história.
Ao contrário do que vos disse inicialmente, as histórias não poderão ser diárias, mas sim semanais. E porquê? perguntarão vocês! Uma história diária iria com certeza eliminar os elementos que quero introduzir: a curiosidade e a ansiedade. A sensação de querer que chegue a próxima semana para saber o que aconteceu. E porque, tal como diz o ditado "Roma não se construiu num dia" é necessário algum tempo para encontrar a matéria prima que nem todos os dias se encontra em perfeitas condições: as ideias  ! E isto porque vos quero dar o melhor possível!

Por isso, preparem-se porque o grande dia, chega já depois do dia de amanhã!