quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Voltei!

Queridos leitores,

Estarão com certeza aborrecidos pela minha aparente falta de palavra ou mesmo de interesse por este blog. O que é certo é que não foi por falta de vontade, ou até mesmo de ideias que o blog tem estado parado, mas por motivos pessoais de força maior.
Quero no entanto dizer-vos que estou de volta com mais um capítulo para vos oferecer na próxima terça-feira. Não vos desapontarei com certeza com o novo episódio da saga mais pituka, digo fofa, de sempre.
Beijinhos e até lá!

terça-feira, 8 de outubro de 2013

As crónicas de um Nanas (Capítulo 5)

Capítulo 5

O Duks sempre foi um gato de ideias fixas! Quando quer algo, faz de tudo para a ter, nem que isso lhe custe umas boas sapatadas. Está-se mesmo a ver que as sapatadas são mais de pentear o pêlo, que o tirar, mas mesmo assim, quando lá cai um tabefe à moda da casa, vem sempre acompanhado de um ralhete, e isso sim, dói!...Dói na alma de quem o dá, porque o Duks já descobriu a expressão "Cara de pobrezinho", que é aquela em que os gatinhos parecem ser os seres mais infelizes do mundo! Os olhinhos dilatam e os bigodes descaem! Uns verdadeiros infelizes!
Mas agora a Mamã chamava-o com aquele timbre "aí vem bronca" que ele tão bem conhecia e ele lembrou-se da sua "nova almofada"!
Sem pensar duas vezes, esgueirou-se para a varanda do quarto deixando para trás um Nanas com o coração parado de susto.
A Mamã entrou no quarto. Olhou para a cesta do Duks e deixou escapar: "Um dia Duks ainda vais ser ementa no chinês"!
Aproximou-se e pegou no Nanas. Cheirava a gato e estava coberto de pêlo! "Ao menos não és alérgico a pêlo" - disse a Mamã enquanto o segurava por uma das pontas. Bem, agora a única coisa a fazer era dar-lhe um banho e esperar que o João tivesse o mesmo interesse por ele que tivera no dia anterior! Este Nanas parecia cada vez mais destinado a sair pela porta da frente da casa! ou então, a ficar para sempre! Depois de tudo ...
A Mamã trouxe-o para baixo. O Nanas precisava de uma valente esfregadela com direito a banho de emersão.
...
Estava um dia de sol e a temperatura convidava a um passeio no parque. Depois de uma manhã sozinho no infantário, o João precisava de ter a Mamã só para ele, e a Mamã também precisava recarregar as baterias dos miminhos. Afinal era a primeira vez que ela ficava tanto tempo sem o João desde que ele nascera! A Mamã também estava a precisar de um Nanas!
O Nanas pendurado pelas suas pontas na corda de secar, já estava limpo e seco.
A Mamã preparava o João para saírem apesar de ele continuar com a mesma cara que do dia anterior - nem um único vestígio de sorriso. "Devem ser muitas mudanças para ele", pensou a Mamã. E assim que estava com um pé fora de casa, lembrou-se do Nanas. Este passeio seria a inauguração de um caminho longo, ou não, do João com o Nanas!
Voltou para trás para o trazer. Tirou-o da corda, olhou para ele e disse: "Estás pronto? Vais precisar de um milagre para o João te achar alguma graça!"
E levou-o cheia de fé no desastre que se seguiria.
"João, olha o que a Mamã tem aqui para ti". Trazia-o atrás das costas. Podia ser que o suspense criasse algum efeito positivo no reencontro dos dois. O João olhava para a Mamã com os olhos arregalados na expectativa do que se seguiria.
A Mamã aproximou-se do João, baixou-se até ficar ao nível dos seus olhinhos e mostrou-lhe o Nanas.
Os olhos do João abriram-se de alegria e excitação! Esticou as mãozinhas e agarrou-o com toda a sua força.
A Mamã nem queria acreditar! Não é que este Nanas conseguira o impossível? O João estava a sorrir novamente e os seus olhinhos brilhavam como no dia anterior. É impossível. Não podia acreditar!
Com o Nanas apertado contra o peito, lá saíram os três rumo ao parque infantil que ficava a pouca distância de casa.
Foi uma tarde verdadeiramente bem passada. O João feliz brincava com o Nanas, aventurava-se à descoberta de novos caminhos e novas brincadeiras e sempre que o coração pedia um colinho, lá corria ele para os braços da Mamã.
Quando a noite chegou, o João adormeceu mesmo antes de chegar ao quarto. Tinha sido um dia em cheio. Até o Nanas não aguentou de tanta alegria que sentia no seu coraçãozinho de algodão, que acabara por adormecer. 
Já no quarto, a Mamã olhava para os dois que pareciam ter estampado nos rostos o selo da felicidade.
Quase que chegava a sentir agora uma pontinha de remorsos acerca do que pensara do Nanas. Ele proporcionara ao João tanta alegria! Talvez o João conseguisse ver para além do que o exterior do Nanas mostrava. Os pequeninos por vezes vêem melhor que os grandes!
Alguns dias mais tarde...
No orfanato a muitos quilómetros de distância do quarto do João, os Nanas acabavam de chegar. Os voluntários que dirigiam o orfanato  rodearam a enorme caixa remendada com fita adesiva e começaram a abri-la. Sentiam-se entusiasmados perante a oferta que a Mon Rève lhes enviara. Muitos destes voluntários já conheciam a Mon Rève. Muitos até possuíam um Nanas proveniente desta "fábrica de sonhos". Estavam desejosos de ver os Nanas que lhes tinham sido enviados para as suas crianças. Para eles cada criança do orfanato fazia parte das suas vidas. Eles mantinham-se neste país em guerra na tentativa, muitas vezes frustrada, de dar o melhor possível a cada um dos seus pequenotes. Cada um deles estava sozinho no mundo se não fosse a acção destes voluntários. A guerra tinha-lhes tirado tudo o que possuíam: a família, o lar, os amigos ... o direito a serem crianças!
Por isso estes Nanas tinham a missão especial de dar um sorriso a cada delas.

Abriram a caixa e lá estavam os Nanas! Nanas especiais para meninos especiais. Os voluntários estavam radiantes. Começaram a tirá-los um a um da caixa. Todos eram iguais, com excepção da cor da lua crescente que possuíam sobre um dos olhinhos.
A cor diferente de cada meia-lua dava-lhes a identidade. Assim cada menino ou menina saberia qual era o seu. Facilitaria na hora dos banhos dos Nanas...
Quando estavam a chegar ao fundo da caixa, eis-me que lhes aparece o Nanas do João.

Que irá acontecer ao nosso pequeno Nanas? Será ele entregue a algum menino? Ou será tão diferente que ficará guardado? Não percam o próximo capítulo!

terça-feira, 1 de outubro de 2013

As crónicas de um Nanas (Capítulo 4)

Capítulo 4

O Nanas sentia-se colado aos lençóis. Não conseguia mover nem uma linha. O focinho do Duks cheirava-o e cheirava! Noutra situação, os bigodes fariam-lhe cócegas, mas não agora!
E sem mais demora, após uma longa e cuidadosa inspecção, o Duks pegou no Nanas com a boca e levou-o para o seu ninho, que é o mesmo que dizer camisola velha de lã da dona enrolada numa cesta de vime! Quase teríamos motivos para terminar esta crónica com as seguintes palavras: "e assim foi a curta história do Nanas"!
Entretanto no infantário, o João olhava para todas as outras crianças sem querer sair do colo da mamã! Sentia-se demasiado exposto para ir brincar com elas ou explorar os cantos da sala dos brinquedos! A sala era muito grande cheia de brinquedos e jogos. Tinha grandes janelas viradas para o parque exterior e havia desenhos por toda a parte. A parede oposta também era em vidro. Desta forma era possível ver-se todas as crianças das diferentes salas, nas suas batalhas e conquistas diárias pelos brinquedos! Não que não houvesse brinquedos que sobrasse para todos, mas como se sabe, há sempre a ideia de que o brinquedo do outro é sempre muito mais bonito, mais colorido e maior do que o nosso (uma reminiscência infantil que alguns adultos carregam por toda a vida).
Havia outras crianças ao colo das mamãs. Tal como o João, ainda não se sentiam preparados. O mundo parecia-lhes demasiado grande, demasiado cheio de gente não eram os papás nem os manos. Apesar da imensa vontade de brincar, não conseguiam mover-se!
Quase todos os meninos e meninas traziam o seu Nanas. A mamã do João olhava-os desconsolada. Todos tinham o seu, excepto o João. Sentia-se culpada! Não que tivesse culpa, mas não conseguia deixar de se sentir mal. Queria tanto que o João já tivesse o seu. Não o que estava em casa! ESSE não era definitivamente o seu Nanas. Mas ao olhar os meninos que tinham deixado o colo das suas mamãs não pôde deixar de ver que eram aqueles que traziam os seus Nanas consigo.
O coração pesava-lhe. O João olhava com os seus olhinhos grandes para os outros meninos. A vontade de brincar sentia-se no olhar, mas... não era capaz de ir sozinho. A mamã então lembrou-se do momento em que tinha visto o João radiante com o Nanas! Tal lembrança deixou-lhe o coração pequenino de tão apertado que estava."Se calhar...eu devia tê-lo deixado ficar com o Nanas. É verdade que eu escolhi um melhor, mas o João é quem vai ficar com ele e é ele quem tem de gostar. E ele gostou tanto dele! Devo dar-lhe outra chance?", pensava a mamã.
Durante aquela manhã, a mamã pensou muito seriamente acerca do que fazer e resolveu ficar com o Nanas se o João demonstrasse o mesmo interesse que no dia anterior. Fazer a devolução e pedir novamente o seu verdadeiro Nanas demoraria tempo, e tempo era algo que a mamã não queria desperdiçar no que dizia respeito ao bem-estar do João.  E se veio este em vez do que ela escolhera... iria dar-lhe uma oportunidade.

Entretanto, o verdadeiro Nanas do João estava cada vez mais perto do seu novo destino! Os outros Nanas da caixa olhavam-no e viam o seu rosto desenhado com linhas tristes. Apesar de estarem ansiosos por chegarem e verem as crianças que os esperavam, e transformarem-se nos pequenos grandes companheiros para o qual tinham sido criados, não ousavam expressá-lo. Sabiam que tudo seria motivo para entristecer ainda mais o Nanas do João. Todos cumpriam o seu destino, menos ele!

Em casa, o Nanas estava  literalmente enterrado debaixo de uma quente bola de pêlos. O Duks tinha feito dele almofada. Roçara-se nele até adormecer!
A manhã passou e na hora do almoço a mamã regressou a casa com  o João.
O João continuava com os olhinhos tristes como se estivesse doente sem qualquer explicação. Nada naquela manhã tinha sido capaz de fazê-lo sorrir. Nem a ele nem à mamã, ainda que ela tentasse. Hoje era para ser o GRANDE DIA! Realmente, que grande dia estava a ser, que nunca mais terminava!
A mamã colocou o João no parque de brincar da sala e foi buscar o Nanas ao quarto.  Podia ser que o Nanas conseguisse o milagre de arrancar um sorriso num dia tão pouco promissor.
"Onde está o Nanas?" pensou a mamã assim que chegou ao quarto. "Não é possível, eu deixei-o em cima da cama hoje de manhã". E procurou, procurou... e nada do Nanas! "Estás a complicar demasiado as coisas para o teu lado", disse a mamã já irritada. E Nanas, nada!
A mamã parou para pensar. "Eu vi-o esta manhã na cama do João, deixei-o lá. Como é possível que tenha desaparecido? Que eu saiba ele não ganhou asas e este nem pernas tem!" E assim que terminou a frase lembrou-se do único capaz de fazer as coisas ganharem pernas lá em casa: o Duks!
"Duks!", chamou a mamã. "Onde estás?" E foi ao ninho do Duks.

Estará o Nanas ainda no ninho do Duks? Ou terá o Duks levado-o para outro lugar qualquer, quem sabe até para a rua? Terá de vir outro Nanas para o João?
Estas e outras respostas já na próxima terça-feira! Não percam! ^.^
 

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

É hora de acertar relógios!

Queridos leitores,

De semana para semana, pelos mais variados motivos,  sempre ligados à tecnologia, sempre acontece algo que impede a publicação da história na hora marcada. Por esse motivo, e porque não tenho conseguido fazer melhor, os próximos capítulos serão publicados todas as terças-feiras (é o dia em que tenho com certeza um computador disponível para publicar!).
Por isso, espero que possam perdoar este contratempo e temos encontro marcado na próxima-terça!
Não percam!

terça-feira, 24 de setembro de 2013

As crónicas de um Nanas (Capítulo 3)

Capítulo 3
 
A muitos quilómetros de distância do quarto do João, começava a grande viagem do seu verdadeiro Nanas. Dentro da caixa apertado contra outros Nanas, lá ia ele, destroçado com tudo o que lhe sucedera. Os outros Nanas não comentavam o sucedido, mas lamentavam profundamente a troca que mudara o destino dos dois.
O Nanas não conseguia deixar de olhar para o braço bordado com o nome "João". Tinha tanto significado para ele este nome a azul escuro. A partir de agora seria apenas um simples bordado sem sentido... Quantas vezes tinha imaginado o encontro com o menino que lhe imprimira na pele, ou melhor no pêlo, a sua identidade e que lhe dera vida. Quantas vezes tinha imaginado as brincadeiras e os longos passeios pelo parque... e aquele abraço apertado... e um sorriso capaz de fazer o mundo parar! 
Com olhos cheios de água e o coração despedaçado, continuou viagem rumo ao desconhecido.
 
No quarto do João tudo estava em silêncio. O Nanas finalmente tinha sido vencido pelo cansaço e adormecera! Sonhou então que estava no aeroporto, na grande sala das bagagens. Estava preso debaixo de uma grande caixa tal como acontecera! Desesperado tentava soltar-se em vão. De repente viu todos os Nanas a entrarem em fila no avião, e o funcionário responsável pela troca do dia anterior a olhar para ele com um sorriso maléfico. Assustado tentou novamente soltar-se e desta vez quando olhou para o avião este possuía uns enormes e terríveis dentes com que devorava todos os Nanas! Um grito surdo ficou preso na sua garganta! E acordou! Que terrível pesadelo! Meio atordoado e mal acordado, tentou perceber onde estava até que sentiu a calma respiração do João ao seu lado. Estava a salvo! Aninhou-se o mais que pôde para junto dele. Que sensação maravilhosa poder estar ali, seguro e quente! Então lembrou-se do Nanas a quem ele ocupava o lugar. Como estaria ele? Mas por mais que lamentasse a sua sorte, não queria deixar o João por nada!
De repente lembrou-se do que a mamã do João dissera: "O Nanas é para ir embora!" Neste momento o pesadelo pareceu-lhe menos assustador do que a realidade. Assustava-o mais separar-se do João, do que dez aviões com dentes!
 
A manhã chegou e com ela a mamã do João. A porta entreaberta abriu-se totalmente e ouviu-se a voz doce da mamã a chamar: "João... acorda bebé!"
A voz mais doce e segura  para o João, era para o Nanas a voz mais temida. Tinha vontade de se esconder, tornar-se tão pequeno aos olhos da mamã de maneira que esta fosse incapaz de o ver. Queria ser visível apenas para o João.
Quando a mamã se aproximou da cama, o João estava agarrado ao Nanas. Mas o Nanas tremia de medo.
A mamã pegou no João ainda ensonado, com os olhinhos pesados e levou-o para baixo para lhe dar a papa.
O Nanas tinha ficado para trás! O seu maior pesadelo acabara de acontecer! Seriam separados para sempre. O João esquecê-lo-ia e outro ocuparia o seu lugar!
O Nanas ficou a olhar longamente para o lugar vazio que o corpo do João deixara! O seu amiguinho tinha ido embora. Apenas restava o calor.
Assim que sentiu a papa na boca, o João entreabriu os olhinhos e olhou para a mamã. Hoje era um dia muito especial: o João ia pela primeira vez para o infantário! Claro que este primeiro dia era apenas para visitar e ver as outras crianças. A mamã ficaria com ele o tempo todo e só no dia seguinte o João ficaria mais tempo e sozinho. Daí a importância do Nanas: ele seria o porto de abrigo do João especialmente na hora do soninho em que ele sentiria mais a falta da mamã.
Mas a mamã não queria este Nanas. Ele não estava à altura do Nanas que ela encomendara.
Como não se podiam atrasar, a mamã do João decidiu enviar o Nanas de volta à Mon Rêve só depois de virem do infantário. Até porque não queria correr o risco do João o ver e ser o choro desenfreado do dia anterior. Como pudera ele gostar tanto deste Nanas?

Como este Nanas era um Nanas pensado para ter como destino um menino num orfanato, ele não seria de um só menino para sempre. Ele iria passar de menino para menino, tal como uma camisola passa do irmão mais velho para o mais novo, mas no caso do Nanas multiplicado por muitos irmãos! E num orfanato, especialmente  como este que não possuía todas as condições desejadas, ele não seria lavado tantas vezes como seria recomendado, apesar de se sujar mais do que o que seria esperado. Assim sendo, o Nanas era castanho escuro e não bege clarinho como o Nanas do João e também não possuia um pêlo fofo e brilhante. O seu tecido era mais resistente e por isso menos macio...enfim, se bem que não se possa dizer que fosse de uma "linha inferior", era no mínimo menos atraente! Mas o João tinha adorado!
"Que chatice", pensou a mamã. Não fosse ela ter tido tanta expectativa no Nanas,  e este iria cumprir perfeitamente a sua função! Mas agora era tempo de agir. Ela tinha o de mandar de volta!
O João comeu a papa, a mamã preparou-o, mas o João mostrava uma cara séria, sem sorrisos, mesmo quando a mamã lhe sorria ou brincava com ele! O João olhava para todo o lado como se procurasse alguma coisa. "Estará doente?", pensou a mamã. "Ontem estava tão bem!"
A mamã terminou de preparar o João e lá saíram os dois.
Pelo caminho a mamã brincou com o João, cantou as canções que ele tanto gostava, mas o João não mostrava melhoras!

Em casa do João vive a mamã, o papá, o João, ... e o Duks! O Duks é o gato, ou para  explicar melhor a posição privilegiada do Duks na família, ele é o "irmão mais velho do João" como diz a mamã!
Assim que a mamã bateu a porta de casa, o Duks espreguiçou-se e foi fazer o que sempre faz quando tem a casa por sua conta: correr todos os quartos em busca de algo que lhe interesse! Pode ser uma camisola da mamã ou do papá, um brinquedo fofo do João... qualquer coisa que na sua cabeça  de gato lhe diga que vale a pena arriscar um açoite (caso seja apanhado)!
Foi ao quarto da mamã - tudo arrumado - , entrou no quarto do João, saltou para cima da cama e ... "quem és tu?", pensou o Duks ao ver o Nanas! "És novo por aqui!" e aproximou-se para o cheirar! 
Antes de qualquer Nanas ser enviado ao seu destinatário, passa por treinos (alguns até bastante intensivos como verão mais à frente). Entre muitas coisas que têm de aprender, os Nanas aprendem algumas regras que lhes servirão para sobreviverem nos mais diversos ambientes. E uma dessas regras, das mais importantes, é manterem-se longe dos ferozes bichanos de quatro patas!
Se tal fosse possível, dir-se-ia que o Nanas perdeu a cor assim que viu o Duks aproximar-se.
Estava perdido! Todos os seus pesadelos se tinham unido para terminarem com a sua breve existência!
 
Que irá acontecer aos nossos pequenos heróis?  Não percam o próximo capítulo das crónicas dos Nanas! Todas as sextas-feiras! Até lá! ^.^

domingo, 22 de setembro de 2013

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Mil perdões!


Queridos leitores!

Antes de mais, mil perdões pela aparente falta de palavra da minha parte. Disse-vos que a cada sexta-feira seria publicado um novo capítulo da história e aparentemente tal facto não aconteceu. Na quinta-feira passada coloquei-o no blog, mas agendado para as 00.01 horas de sexta. Talvez por inexperiência minha, o capítulo não saiu. Visto neste momento estar sem computador e ter de usar um computador público, só percebi agora o sucedido!
Espero que possam perdoar-me e continuar atentos a esta imprevisível saga!

Até breve

As crónicas de um Nanas (Capítulo 2)

Capítulo 2

Estava uma manhã fresca com o sol um pouco envergonhado. O João acordou, abriu os olhinhos e olhou em redor. Ainda estava um pouco escuro no quarto. As persianas corridas até abaixo só deixavam passar uma leve claridade onde se adivinhava que o dia começara a espreguiçar-se.
Pelo intercomunicador a mamã do João percebeu que este acordara. Subiu as escadas, abriu a porta do quarto e chamou baixinho em tom de canção: "João, amor da mamã! Bom dia!"
O João respondeu com um bebenhês que queria dizer: "Colinho mamã"!
A mamã aproximou-se da caminha e pegou-o ao colo. Houve beijos, xi-corações, cóceguinhas, risos, e por fim olhares. Olharam-se durante uns momentos até o João abrir um sorriso maior que o mundo e recomeçarem novamente os beijinhos e os xi-corações.
A mamã vestiu o João e trouxe-o para baixo para lhe dar a papa. Nesse momento a campainha de casa tocou.
Era o senhor dos correios. Trazia uma encomenda. O Nanas tinha chegado!
" João - disse a mamã - o teu Nanas chegou!!! Pelo tom de alegria da voz da mamã, o João abriu mais olhinhos e palrou alguns sons mostrando a sua alegria!
A mamã abriu a porta e olhou para a encomenda que o senhor dos correios trazia na mão.
A caixa vinha amassada, rasgada e colada com fita-adesiva! A mamã ficou por momentos a olhá-la e por fim estendeu a mão. Ela olhou para o senhor que simplesmente esboçou um tímido sorriso e encolheu os ombros como para se justificar que não tinha nada a ver com o sucedido. O João deixara de sorrir perante o rosto sério que a mamã apresentava. A mamã entrou na sala de jantar, sentou o João na cadeirinha e sentou-se finalmente sem abrir a caixa. Olhava incrédula passando os olhos para o remetente "Mon Rêve". Não queria acreditar. Tinha tanta expectativa quanto à chegada do Nanas! Afinal a Mon Rêve era conhecida pelo seu extremo cuidado em tudo o que fazia. Bem, quanto à caixa não havia muito mais a dizer. Chegava o momento de abri-la. A mamã do João começou a procurar onde a fita-adesiva acabara para começar a descolá-la. Era fita-adesiva por todos os lados! Não era fácil encontrar o fio à meada! Por fim lá começou a descolar os primeiros centímetros de fita, e mais fita...e mais fita. Quando terminou restava apenas abrir um dos encaixes da caixa para finalmente libertar o Nanas. E assim fez. E se o espanto tinha começado na porta de entrada, agora a decepção tinha invadido todos os seus sentidos.
Um Nanas que mais parecia um pária! Sujo, amassado, sem o pêlo fofo prometido no site da Mon Rêve e ... onde está o nome do João gravado no bracinho? Este nem braços tinha! Em vez de braços tinha uns nós de cada lado feitos com o tecido que faziam a vez de mãozinhas e pezinhos. "Não, não pode ser, só podem estar a brincar" - disse a mamã do João com o rosto já um tanto ruborizado. "Não foi isto que eu paguei"! e levantando-se da cadeira atirou o Nanas para cima da mesa para junto da caixa desfeita.
Tinha ido buscar o telefone e o número de telefone da Mon Rêve.
O Nanas estava desolado! Toda a situação no aeroporto, mais o facto de ter sido separado dos outros Nanas iguais a ele seus amigos, não suportou mais e deixou escapar uma lágrima.
Sentado à mesa o João olhou para o Nanas desde o momento em que a mamã o tinha tirado da caixa. Tinha-o desejado e querido desde esse momento. Agora estava na sua frente todo só para ele. Esticando a mãozinha e depois o bracinho, debruçou todo o corpo para o apanhar. Por fim conseguiu agarrar uma das pontas feita com um nó. Era dele e só para ele! O Nanas, que até a este momento só a muito custo segurava as lágrimas que teimavam em querer sair, vendo perdido todo o sentido para o qual tinha sido criado, olhou a medo para o João. O João era muito diferente dos meninos que ele tinha visto na fotografia afixada no Atelier onde tinha nascido. A Mon Rêve tinha uma fotografia do orfanato para onde seriam enviados estes Nanas. Ela possuía um arquivo gigante com fotografias e moradas de todos os meninos e meninas do mundo que tinham recebido um Nanas.
Todos os Nanas quando nascem sabem para onde vão. Alguns sabem apenas o país, outros têm a oportunidade de conhecer por fotografia o menino ou menina que os espera, e por esse motivo todos eles possuem particularidades que os tornam tão únicos.
Os meninos da fotografia do Atelier eram todos muito magros, com olhar triste...bem diferentes do menino que lhe sorria agora! O João conquistou de imediato o coração do Nanas! As lágrimas secaram e o Nanas pôde finalmente sorrir.
A mamã do João chegou junto da mesa com o telefone na mão, sentou-se e começou a marcar o número da fábrica dos Nanas. Enquanto esperava ser atendida, olhou para o João e não pôde deixar de ver o brilho de felicidade nos seus olhinhos. Até o Nanas lhe parecia diferente!
"Não, João, este Nanas não é o teu!" - disse a mamã. O menino olhou-a e sorriu mostrando todos os seus dentinhos! A mamã repetiu: " Esse não é o teu Nanas Joãozinho!" E deste vez o menino entendeu que o Nanas lhe iria ser tirado. Franziu o queixinho, a testa e antes que a mamã pudesse fazer algo para evitar, o João já estava a chorar. Do outro lado da linha alguém atendeu: "Mon Rêve, bonjour!" - disse uma voz suave e amigável. Mas a mamã não ia poder responder. O João já chorava a plenos pulmões agarrado ao Nanas. A mamã desligou o telefone. "João, então? Anda ao colinho da mamã!"
Mas nada consolava o pequenote! "Pronto João, a mamã vai dar outro Nanas, está bem?" Mas de uma forma incompreensível o João chorava mais e mais! Parecia perceber perfeitamente que o Nanas lhe seria tirado, mesmo que fosse para vir outro!
Passaram-se uns momentos e o João acalmou. O Nanas mantinha-se preso à mãozinha do João que insistia em não o largar!
A noite chegou e o João, depois do banhinho tomado e a papinha na barriga (estando o Nanas sempre ao seu alcance), estava pronto para dormir. A mamã deitou-o, o papá deu o beijo de boa-noite e a mamã preparou-se para tirar o Nanas da mão do João. Mas assim que a mamã puxou discretamente o Nanas por uma das suas pontas, o João apertou-o mais ainda com a mãozinha e esboçou a capacidade inata que as crianças possuem de começar a chorar sem precisar de aquecimento. "Muito bem João", disse a mamã já um pouco chateada com a insistência, "ficas mais um bocadinho com o Nanas, mas ele não vai dormir na tua cama! Ele está todo sujo e além disso é para voltar para trás!" Depois aconchegou o lençol da cama ao corpo do João e desligou a luz.
O Nanas nem queria acreditar. O João era tudo o que ele podia desejar. Um menino adorável que o amava desde o primeiro momento! Tudo isto só podia ser um sonho. Um sonho que começara com um pesadelo! O Nanas podia ver na pouca claridade do quarto, o brilho dos olhinhos do João a olharem para ele. Oh como ele começava a gostar do João! Não podia deixá-lo mais! Estava a gostar demasiado dele! Mas como iriam poder ficar juntos?
E o Nanas do João, onde estaria? E principalmente, COMO estaria?

No próximo capítulo a saga continua. Não percam, é já na próxima sexta!

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Véspera

Queridos leitores,

Muito curiosos acerca do desenlace?
Faltam apenas umas escassas horas para sair mais um capítulo desta saga incrível sobre a troca de dois Nanas!
Não se esqueçam de publicar os vossos comentários, ideias ou sugestões!
E não se esquecem, tal como na vida, também nas histórias tudo pode acontecer! ^.^

Até breve!


quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Histórias da Boca - As crónicas de um Nanas (Capítulo 1)

Capítulo 1

A carrinha de distribuição da DHL parou ruidosamente na frente do hangar das descargas do aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. O calor que se fazia sentir acentuava-se na camisa do uniforme do condutor da carrinha. O jovem com um molho de folhas numa das mãos saltou da carrinha limpando o suor da testa com o outro braço. Estava uma verdadeira tarde de Verão. Depois de entregar as guias da mercadoria e receber a autorização da descarga, o jovem abriu as duas portas traseiras da carrinha, e rapidamente descarregou os vários caixotes de cartão, todos do mesmo remetente: Mon Rêve. 
Mon Rêve é a criadora dos melhores Nanas de todo o mundo. Com sede em Paris, ela exporta Nanas há décadas para todo o lugar onde há pequeninos. (Um segredo: de Paris não vêm os bebés, mas sim os Nanas!)
Bem, para quem não sabe, os Nanas são os amigos inseparáveis dos mais pequenos. São aquelas criaturinhas que os acompanham para todos os lugares, que estão com eles quando comem, quando passeiam no parque, no primeiro dia do infantário, e principalmente quando dormem. Porque são os Nanas que contam as histórias mágicas que fazem os pequeninos adormecer e sonhar, depois que o papá e a mamã dão o último beijo de boa noite e fecham a porta do quarto!
Não são só as crianças que conhecem os Nanas, os papás também. Todos os papás do mundo sabem que os Nanas não podem ser trocados, dados, perdidos ou esquecidos em lugar nenhum, que é muito difícil separá-los, até na hora do banho, porque o Nanas é a âncora que prende os pequeninos ao seu mundo seguro.
O nome destas adoráveis criaturas à nascença é “Nanas”, mas são os pequeninos que lhes dão o seu verdadeiro nome. Existem os mais variados nomes: Piki, Bibi, Bilu, Gugu … e a lista continua tão grande quanto existem meninos no mundo. Há até aqueles que são baptizados com o próprio nome de nascença – Nanas!
A fábrica dos Nanas envia todos os dias para todo o mundo milhares de Nanas. Mas engana-se aquele que julgar que a quantidade altera-lhes a qualidade. Todos os Nanas são feitos à mão! Esta é uma verdadeira fábrica de sonhos! Imaginem só o tamanho dela! Cada um dos Nanas é criado com tanto cuidado que adquire um carácter único e especial. Cada Nanas é feito a pensar no menino ou menina que o vai receber, por isso, para que o Nanas nunca perca a identidade, ele traz o nome do menino gravado no lado esquerdo do braço de pêlo – o lado do coração.
Grande parte da encomenda “Mon Rêve” daquela tarde tão quente de Verão, tinha como destino um orfanato em África. Esta encomenda fazia parte das várias encomendas-prendas que a “Mon Rêve” enviava para locais onde os meninos não têm papás que lhes ofereçam um Nanas. E assim a “Mon Rêve” procurava alimentar os sonhos dos que mal podiam sonhar!
Este voo fazia escala em Lisboa, para onde ia também um Nanas muito especial. Este Nanas tinha sido especialmente criado e com urgência para um pequenino. O nome gravado no braço peludinho do Nanas era João. O motivo da urgência não era conhecido nem importava, o importante era chegar a tempo.
Na gigante “montanha russa” de tapete rolante da sala das bagagens do aeroporto Charles de Gaulle, mal se conseguia respirar! Toda a extensão do tapete estava lotada! Muitas pessoas estavam de férias, o que significava muitas e muitas malas! Eram encomendas e mais encomendas, bagagem e mais bagagem, todas a lutarem por um pouco mais de espaço inexistente! As caixas apertavam-se e acotovelavam-se para conseguir passar pelos vários túneis de separação e distribuição de bagagem. Uma verdadeira hora de aperto!
E como nas horas de aperto, por vezes o mais fraco cede!
Uma enorme caixa ficou presa no terminal de um dos tapetes rolantes, impedindo a passagem de toda a bagagem de porão que era composta por caixas e caixotes, malas e maletas desencadeando aquilo a que viria a ser digno de uma tragédia grega. A caixa, tal como a de Pandora que trouxe ao mundo toda a espécie de mal, continha não os ventos da desgraça mas os Nanas.
O tapete rolante era composto por vários segmentos. O último segmento de tapete parou, mas os outros continuaram a rolar, oferecendo à pobre caixa, que já vinha tão apertada pela quantidade de Nanas que viajavam dentro dela, a pressão de uma fila inteira de caixas e caixotes, malas e maletas que não podia terminar senão com o efeito “rolha numa garrafa de champanhe agitada com agrado”: um voo disparado para fora do tapete levando atrás de si outras caixas e caixotes, malas e maletas que também não aguentaram a pressão.
Não é muito difícil imaginar o que se seguiu: um amontoado de caixas danificadas e uma pilha de Nanas assustados e espalhados pelo chão. Por grande azar, uma das caixas que também se despedaçou continha algo precioso: o Nanas do João. Um Nanas que tinha nascido para o João – o menino que o esperava ansiosamente em Portugal.
Mas depois deste acidente, com o caos instalado, deixou de haver Nanas especiais: todos estavam agora na mesma condição – fora das caixas e assustados. Quando os funcionários se aperceberam do que tinha acontecido, correram para resolver rapidamente a situação porque o avião de transporte desta bagagem estava quase de partida. No desejo de resolver o quanto antes o estrago, e empacotar rapidamente todos os peluches, tal como eles de forma simplória os chamavam, o Nanas do João foi acidentalmente colocado na caixa dos Nanas comuns com destino aos meninos que nunca tinham tido um Nanas de verdade.
 A caixa dos Nanas foi grosseiramente reparada com fita-adesiva, e encaminhada para o avião tal como todas as malas, maletas e malinhas envolvidas no acidente.
Mas… ao retirarem a última e mais pesada mala do meio do chão, um funcionário viu um pequeno Nanas amassado e sujo que tinha ficado para trás!
Este Nanas tinha vindo na mesma caixa junto com os outros Nanas com destino ao orfanato.
­“- Ora, este ficou para trás!” – exclamou  o funcionário, que no mesmo instante viu uma pequena caixa desfeita junto dele.
No momento da queda a grande caixa de cartão da Mon Rêve rasgou-se soltando todos os Nanas, assim como também se rasgou a caixa do Nanas do João. E quando começaram a colocar as coisas no lugar, a confusão foi tanta em grande parte provocada pela pressa, que o Nanas comum (que são aqueles que não têm nome gravado no braço) acabou por ficar perto da caixa do Nanas especial.
O funcionário baixou-se e pegou no Nanas e na caixa. Sacudiu o pedaço de cartão espalmado e procurou o destinatário no qual se lia: “Pour le petit João”.
“ – Vinhas aqui dentro?” – perguntou o funcionário olhando para o Nanas sem esperar obter resposta. “Estás um pouco sujo e amassado para seres um presente! Mas se queres ir ao encontro do teu destino, tens de te despachar porque aquele ali (e apontou com a cabeça em direcção ao avião) não espera por ti!” Abanando a cabeça, esboçou meio sorriso e apressadamente fez a mesma reparação à caixa com fita-adesiva como tinha feito às anteriores, e correndo levou pessoalmente o pequeno embrulho à porta de embarque de passageiros porque a do porão já tinha sido encerrada!
Irremediavelmente a troca foi feita e os destinos dos nossos pequenos heróis lançado à sorte!

O que irá acontecer? Não percam o próximo capítulo!


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Contagem Decrescente!

Queridos leitores,

Está quase tudo a postos para a estreia da primeira história.
Ao contrário do que vos disse inicialmente, as histórias não poderão ser diárias, mas sim semanais. E porquê? perguntarão vocês! Uma história diária iria com certeza eliminar os elementos que quero introduzir: a curiosidade e a ansiedade. A sensação de querer que chegue a próxima semana para saber o que aconteceu. E porque, tal como diz o ditado "Roma não se construiu num dia" é necessário algum tempo para encontrar a matéria prima que nem todos os dias se encontra em perfeitas condições: as ideias  ! E isto porque vos quero dar o melhor possível!

Por isso, preparem-se porque o grande dia, chega já depois do dia de amanhã!



quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O nascimento de um portal mágico para o mundo das histórias!

Queridos leitores!

Não sei se estranharam o meu silêncio! Lembrei-vos um balão que enche tão rapidamente que rebenta ao mesmo ritmo? Pois bem, o tempo foi necessário para definir um rumo para tão grande empresa como é um blog!
Bem, na realidade este tempo permitiu experimentar na pele algo que eu conhecia apenas dos livros académicos – a solidão!
É verdade! O tentar de novo longe de casa, longe da nossa família, dos amigos, da nossa rua que pelo cheiro a distinguimos das outras, enfim…sem todas as coisas que nos fazem sentir que pertencemos a algo, a solidão chega e rapidamente!

No meu caso passei por aquela que chamo de 1ª fase da solidão - o tédio. Aquela sensação de domingo à tarde com a segunda-feira à porta em que só nos dá vontade de fugir, e que sempre que nos vem à ideia que o dia está a terminar e que a segunda está a umas horas de se concretizar…haaaa!!! Pois bem, os meus dias começavam e acabavam assim! Até que dei por mim a criar histórias sobre tudo o que me rodeava, a criar conversas imaginárias entre as pessoas que passavam e a imaginar que o ambiente se agitava perante qualquer brisa, de tanta vida que tinha, ao ponto de ver um sorriso na quadrícula de madeira e vidro da porta do meu prédio! Talvez isto tenha acontecido não só porque durante todo o dia não tinha muito que fazer e a rotina tomava conta de mim, mas também graças ao intrépido e amoroso jovem, (aquele que decidiu partilhar os seus dias comigo até que a morte nos separe), que tem o hábito infantil e tão delicioso, de passar pelas coisas e dizer-me “Olha os olhinhos tristes deste monstrinho” (referindo-se ao ecoponto das garrafas aqui da rua). Parece-vos esquizofrenia? Qualquer parecença com loucura é pura coincidência!
Adiante!
Como boa alma lusitana que sou, acredito que a arte de contar histórias nos corre nas veias. Senão, vejamos os grandes contadores de histórias que recheiam as prateleiras das nossas bibliotecas! Bem, se é verdade que somos bons contadores de histórias, o mesmo julgo não podermos dizer como leitores (pelo menos para grande parte infelizmente)!Há livros que já passaram a fase do cotão para a fase do bolor! Mas isso já é outra história!
Bem, se a minha origem não justifica totalmente este meu gosto de contar histórias, a minha herança genética talvez. O meu pai, além de outras graças e virtudes, é um contador de histórias. Das minhas boas memórias de infância, tenho também as histórias que ele contava: As “histórias da boca”. Era assim que ele lhes chamava. Elas não eram mais do que histórias inventadas no momento, de acordo com o seu humor e a mensagem que nos queria passar! Lembro-me de uma história que eu insistentemente pedia que ele contasse e recontasse: a história da Margarida. Esta era uma história inédita e cheia de carácter, pois ao contrário desta, as outras histórias tinham direito a uma só estreia! Uma vez contada, uma vez solta ao vento – já não voltava! Mas a história da Margarida foi contada muitas vezes! Às vezes eu tinha de o ajudar a contá-la porque ele mudava a ordem de actuação dos animais! Coisas de pais! Esta história era como uma broa de mel (pra quem não sabe: a broa de mel é a mistura de muitas massas de bolos mas que no fim combinam todos): muitos milagres, animais falantes à mistura e onde não faltava obviamente a Margarida (que nem sequer era a heroína) e a personagem maléfica (admirem-se: o dono de um poço)!

Pois bem, perante esta introdução tão detalhada, os meus queridos leitores já se encontram em condições de entrar no novo capítulo de aventuras do meu blog a que humildemente chamo de “Histórias da Boca” em homenagem ao espírito criativo do meu pai. Diariamente encontrarão uma história original que poderá ter ou não o seu final nesse dia, mas que terá seguramente um fim à vista. Estas são dedicadas a todos os heróis comuns que um dia foram crianças ou para os que ainda o são e que guardam dentro de si o pozinho mágico da imaginação.

Preparados? Contagem: 10…9…8…7…6…5…4…3…2…1


Boa viagem!

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Como começar...???

Ok, aqui vai.
Para ser sincera sempre achei um pouco parolinho aquele que se dedicava à escrita de blogs! Ok...eu sei!
Pra quê???? pensava eu. Mas a verdade é que o tempo foi passando, que é o mesmo que dizer: cresci, e dei-me conta que se calhar até era uma óptima ideia poder partilhar com outros algumas das coisas que nos divertem, que nos deixam a nuvem preta no cimo da cabeça... enfim, que possam dar connosco uma risada de vez em quando, principalmente se a distância nos separou. E isto porque, sou mais uma das que bateu asas e saltou do ninho para o desconhecido (lindo!!!!), que deixou o conforto do pastel de nata e da meia de leite e passou a ter de usar arenque cru com cebola (isso queriam eles)! Isto pra dizer: emigrei! (Difícil resumir e encontrar a palavra!). Bem, se até aqui alguém poderia pôr em causa o meu género, já perceberam que sou mulher! :) As palavras são algo que não vai faltar, e quanto maior a crise...maior a quantidade e variação de palavras ! Preparem-se!
Bem, começando a grande odisseia para a qual me propus - criar um blog - comecei logo por enfrentar o cabo das tormentas (se alguém também desconfiava da minha origem lusitana, com "o cabo das tormentas" já o convenci :) ), continuando...onde estava mesmo?...ah sim, escolher um nome para o blog! Ora aqui está um óptimo começo! Nome...zzzzzzzzzzz....nome....zzzzzzzzzz....boa....nome......e lá começaram a surgir como o milho de pipocas na panela! bem, na realidade não tanto, mas pra vos dizer que todos os nomes eleitos, já alguém os tinha elegido antes de mim! Caramba e com nomes que só pra ver se alguma criatura os poderia ter escolhido, os coloquei e ....Santa Engrácia, como é possível????? "Então, já viram o me blog ______ ?" Arre nem depois de uma noite de tempestade, com as pestanas coladas à testa eu tinha coragem... Enfim, passando à frente, vi que a questão do nome era realmente um desafio que tinha de ultrapassar! Mas depois de suor e lágrimas (e um pouco de ranger de dentes)...aqui está ele: Brigantijnstraat (quando me referi ao suor e afins, era mesmo literal - ora tentem lá dizer a palavrinha!)! Coisa de cinema! Bem, ok nem tanto, na realidade é a rua onde moro aqui a dois mil e tal quilómetros da pátria amada (ai Serafim, Serafim, que até vêm-me lágrimas de prata!)! Nome original, hã? Pois aí começa o âmago do meu blog! Apresentar-vos o desconhecido! Bem, na realidade não tanto (já apanharam o meu leitmotif)! Será uma coisa mais modestazinha, que eu própria ainda não sei bem o que será! Mas se querem acção, respiração cortada, uivos de desespero...este não é o vosso blog! :)
Bem, acho que para introdução já vai um pouco longa, por isso... à boa e sempre actual moda Dragon Ball: "Não percam os próximos episódios, porque nós...também não!"